Sobre o Curso

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
CENTRO DE ARTES
NÚCLEO DE ARTES CÊNICAS

CURSO DE DANÇA - LICENCIATURA

Coordenadora do Curso: Profa. Alexandra Dias

Modalidade: Presencial

Titulação Conferida: Licenciado em Dança

Duração do Curso: 08 semestres

Carga horária: 2.944 horas

Turno: Noturno

Número de Vagas: 40

Regime Acadêmico: Semestral

Unidade Acadêmica: Centro de Artes

Entrada: Anual, ingresso no primeiro semestre.


1- Justificativa da oferta do curso:

A Universidade Federal de Pelotas é uma Instituição Federal de Educação Superior que tem experiência no pioneirismo. Sua história recente demonstra essa qualidade essencial ao bom exercício da cidadania brasileira: 1. acaba de liderar a criação da UNIPAMPA, Universidade Federal do Pampa, e 2. abre-se para uma reestruturação necessária e que pretende movimentar todo um modelo de funcionamento adotado desde o momento de sua fundação.

As últimas ações da administração da UFPel, bem como a relação dos cursos propostos ao REUNI, apontam para um aprofundamento do pioneirismo regional que acompanha nossa universidade desde sempre: Teatro, Composição Musical, Design Digital, Dança, Biotecnologia, Engenharia Geológica, Antropologia, Arqueologia, Conservação e Restauro, Vitivinicultura, Gestão de Cooperativas, etc.

Pelos exemplos dos cursos relacionados é possível dizer que a UFPel está conectada a seu tempo, isto é, preocupada com a sociedade e seus ideais de paz, diversidade e liberdade de expressão.

É justamente nessa discussão sobre a sociedade e suas novas configurações, que nasce a proposta de criação de um curso de um subcampo da Arte Contemporânea. Assim, duas evidências convergem para a justificação da criação de um curso de Curso de Dança – Licenciatura e apontam para a importância da legitimação deste campo de conhecimento.

A primeira diz respeito à distância que existe hoje, entre o que se cria em dança – na dança como arte – e o que se faz nos espaços de ensino e aprendizagem de dança. Um reflexo desta distância é a ausência (ou quase) de público em espetáculos de dança contemporânea ou de dança-teatro, em todo o Brasil, embora exista um número significativo de escolas e cursos de dança, repletos de alunos.

A segunda evidência é a atual produção de conhecimento sobre o corpo que advém da prática de artistas da dança. Esta produção, que é fruto de sua prática de criação artística e que se dá por meio do próprio corpo, tem provocado reflexões e bases para concepções de CORPO, SUJEITO e EDUCAÇÃO. Também tem problematizado a compreensão de como se dá a expressão pelo corpo e do que são técnicas corporais, contribuindo com o desenvolvimento de teorias da percepção, da cognição, bem como da constituição do sujeito. Trabalhos científicos de diversas áreas (antropologia, medicina, biologia, semiótica, entre outros) têm se apropriado do conhecimento que estes corpos em dança revelam para construir e desconstruir suas “verdades”, bem como colocar suas teorias em movimento. Além disso, um número considerável de artistas da dança tem feito cruzamentos entre os saberes construídos em suas práticas, e teorias filosóficas, para o desenvolvimento desses conceitos. O artista do corpo, o dançarino-ator, pode ser compreendido como aquele que relaciona-se com o mundo e com a humanidade a partir do movimento; que vê a complexidade das relações entre indivíduos e da configuração da cultura a partir da percepção do movimento do corpo humano. E faz sua arte também a partir disto. Na interface entre o corpo espetacular e o corpo cotidiano pode provocar pensamentos e problematizações sobre o mundo contemporâneo.

Entendendo a educação como a aprendizagem da cultura – a na busca e apropriação do sentido para a vida, para a existência humana, compartilhado e tecido em conjunto pelos homens – a dança contribui para o desenvolvimento de um corpo permeável e atuante da práxis e, assim, se apresenta como possibilidade de criação e reinvenção dessa mesma cultura. Em função disto, cabe frisar a importância da dança na escola, mas de uma prática e conceito de dança formulado no próprio ato de dançar, que promove o ato de conhecer que envolve o ser em toda sua amplitude, sensibilidade e racionalidade, visto que na dança o corpo é o próprio conhecimento, que é desvelado nas experiências sentidas, imaginadas e vividas.

Assim, o Curso de Dança – Licenciatura, da UFPEL, busca colocar em prática propostas e reflexões que evidenciam a importância da arte, do conhecimento estético e, em especial, do conhecimento construído através do movimento enquanto arte. Coerente com uma abordagem pedagógica que acolhe a diversidade e vê nela a possibilidade de criação e da experiência com a exuberância polissêmica do corpo, o curso busca uma estratégia para a construção de um currículo que não esteja prisioneiro de determinados padrões estéticos ou de determinadas técnicas codificadas. Busca, portanto, trabalhar com princípios inerentes à linguagem construída pelo corpo, proporcionando ao aluno a capacidade de fazer suas próprias escolhas estéticas e técnicas e de fazer seus cruzamentos entre estas e teorias. Entendendo que toda opção estética é uma opção política, assim como toda ação é uma ação política.

Assim, o Curso de Dança - Licenciatura propõe como base de conhecimento os princípios de construção de dramaturgia do corpo e de técnicas corporais propostos pela Teoria do Movimento de Laban e pela Antropologia Teatral . Também propõe estas teorias como duas bases de sustentação epistemológica para os conceitos de Corpo, Sujeito e Educação.

Outra base aqui reconhecida e valorizada é a dança-teatro brasileira, caracterizada pela grande quantidade de danças, folguedos e danças-dramáticas presentes nas mais diversas regiões do país, que encontram-se na interface entre o espetacular e o ritual. Um saber imenso, que muito conhece de nossa cultura, de nossa história, de nosso modo de nos constituir, que muito pode contribuir com inúmeros estudos e práticas de ensino da arte do corpo.

O Curso de Dança – Licenciatura - busca proporcionar aos alunos a ampliação da percepção do mundo e da ação sobre o mundo (e sobre si mesmo) e formar um profissional que estará apto a construir ou mediar a construção de dramaturgia do corpo.

Discussões em espaços brasileiros de investigação acadêmica apontam que a dança contemporânea é formada através dos cruzamentos interculturais e de várias linguagens artísticas. É formada pelo cruzamento de técnicas, de corpos, de modos de vida, de verdades. A dança contemporânea contém em si a necessidade da transgressão, o conceito de arte enquanto experiência estética que provoca a transcendência da experiência cotidiana e, no entanto, conduz o indivíduo à percepção de si mesmo e, portanto, a idéia do artista como um transgressor, crítico e atuante na sociedade.

Do mesmo modo, propomos que o Curso de Dança - Licenciatura seja um curso em movimento. Que possibilite, inclusive, trocas, compartilhamento e cruzamentos de linguagens com os outros cursos de arte da Universidade. Assim, o projeto do curso propõe que as disciplinas sejam espaços de pesquisa, que exijam um professor-artista-pesquisador e que formem, igualmente, professores com esta competência. É um projeto que parte do ensino como desencadeador de mudanças no ser humano e reconhece a educação em sua dimensão poética e estética, a impossibilidade da fragmentação do ser humano e a impossibilidade da fragmentação do conhecimento.

A iniciativa de implantar um curso de Licenciatura em Dança na Universidade Federal de Pelotas ainda se apóia em três fatos: 1) o processo de reestruturação pelo qual passa a UFPel e que é resultado do REUNI; 2) o diálogo e construção de projetos conjuntos com os cursos de Licenciatura em Teatro, de Composição Musical – Bacharelado e do Cinema e Animação – Bacharelado, também criados através do REUNI, os quais apresentam políticas pedagógicas afins; 3) a natureza dos cursos de Artes Visuais do Instituto de Artes e Design que, em consonância com o panorama das artes no mundo, garantem os processos relacionais e, principalmente, de entrecruzamentos dos campos de saberes e artísticos.

Essa iniciativa não é baseada apenas no pioneirismo, mas também na possibilidade de democratização do acesso ao conhecimento e à universidade: neste curso, embora a prática da expressão corporal seja a premissa básica, não há a necessidade de uma corporeidade específica, treinada a partir de uma técnica-estética específica, o que limitaria o ingresso dos estudantes. O que se espera de um trabalho de Dança, na perspectiva proposta, é precisão na construção e execução de códigos, linguagem corporal e construção de sentido criados pelos próprios sujeitos envolvidos.

Outro fator importante para salientarmos nessa justificativa, é que a cidade de Pelotas, assim como a região sul do Estado do Rio Grande do Sul, possui forte tradição de dança. Um curso que trate dessa demanda específica pode garantir um aumento das escolas e companhias de dança da região, bem como um incremento na produção artística local.

2 - Perfil do curso.

O Curso tem como objetivo capacitar professores para ministrar aulas de dança, bem como formar um profissional que possa atuar como agente cultural. Busca contribuir com a diminuição da distância entre a produção do artista de dança contemporânea e as experiências de ensino e aprendizagem de dança. Produção esta, fruto da prática de criação artística, que tem contribuído com a construção de conhecimento sobre corpo, sujeito e educação. O aluno estará apto a construir ou mediar a configuração de dramaturgia do corpo, a partir da concepção de educação que considere o pensamento complexo e a impossibilidade da fragmentação do conhecimento (ou do ser humano).

O Curso de Dança – Licenciatura, da UFPEL, busca colocar em prática propostas e reflexões que evidenciam a importância da arte, do conhecimento estético e, em especial, do conhecimento construído através do movimento enquanto arte.

Coerente com uma abordagem pedagógica que acolhe a diversidade e vê nela a possibilidade de criação, o curso busca uma estratégia para a construção de um currículo que não esteja prisioneiro de determinados padrões estéticos ou de determinadas técnicas codificadas. Busca, portanto, trabalhar com princípios inerentes à linguagem construída pelo corpo, proporcionando ao aluno a capacidade de fazer suas próprias escolhas estéticas e técnicas e de fazer seus cruzamentos entre estas e teorias. Entendendo que toda opção estética é uma opção política, assim como toda ação é uma ação política.

Propõe-se um curso de Licenciatura em Dança no período noturno, que atenda ao compromisso da universidade pública em oportunizar a inclusão de alunos trabalhadores, bem como professores em exercício das redes escolares da cidade e da região. O tempo mínimo para integralização do curso são 8 (oito) semestre letivos, perfazendo um total de 2.944 horas de atividades discentes, divididas em: 1) formação específica (componentes curriculares obrigatórios e estágios docentes obrigatórios); 2) formação complementar, 3) formação livre.

É objetivo geral do curso:

Formar profissionais para ministrar aulas de Dança, na interface com o Teatro, em diferentes espaços de ensino-aprendizagem, constituindo-se como professores, artistas e pesquisadores. Profissionais que exerçam suas atividades com competência, responsabilidade e ética, trabalhando no desenvolvimento e difusão deste campo de conhecimento, atuando também como agentes culturais.

São objetivos específicos do Curso de Dança - Licenciatura da UFPel:

- Possibilitar a formação de um profissional prático-reflexivo que elabore e promova experiências de ensino-aprendizagem no campo de conhecimento da dança, capacitado a enfrentar os desafios da sociedade contemporânea e que contribua com uma educação que não privilegie apenas a racionalização;

- Capacitar o aluno a desenvolver consciência crítica, compreensão da identidade sociocultural, da historicidade e do seu papel como profissional docente na contemporaneidade;

- Trabalhar as atividades de ensino interligadas a projetos de pesquisa e extensão, de modo a:

1) contribuir para o desenvolvimento, expansão, fomento e difusão do campo de conhecimento da dança e da educação;

2) ampliar a experiência e atuação do aluno e do professor para além da sala de aula;

3) desenvolver as capacidades artísticas, pedagógicas e científico-investigativas dos futuros docentes;

- Promover a integração entre escola, sociedade e universidade através de projetos elaborados e realizados por alunos e professores;

- Promover, por meio de projetos interdisciplinares de ensino, pesquisa e extensão, o diálogo entre campos de saberes artísticos contemporâneos e campos de saberes das ciências;

- Capacitar o aluno a produzir obras artísticas e a promover a formação de público com capacidade de apreciação estética de espetáculos;

- Promover a práxis na elaboração dos planos pedagógicos das disciplinas, de modo a contribuir com a diminuição da dicotomia teoria e prática na atuação do futuro profissional.


3 - Atividades do curso:

É característica da Dança atualmente ser uma linguagem cênica em construção. Propomos, então, um currículo em construção. Um currículo pensado de maneira que não apresente dicotomias entre ensino-pesquisa, ensino-extensão, teoria-prática e professor-artista. A proposta é que, em cada disciplina, o professor não se restrinja aos conteúdos, mas que promova um processo investigativo de modo a construir e ampliar aquele campo de conhecimento, trabalhando dentro de uma abordagem metodológica que promova o diálogo.

Do mesmo modo que a Dança já reflete a interdisciplinaridade e a intertransculturalidade, este projeto também aponta para a necessidade da interdisciplinaridade e a relação com a diferença, criada no dia-a-dia das aulas, através de pontes entre práxis e metodologias de outras artes e ciências.

Assim, as ementas e os planos de ensino das disciplinas levam em conta o papel da arte-educação nos dias de hoje, ou seja, como um espaço para a ação humana, para a sensibilidade e para a imaginação. Contemplam a importância da arte do corpo, considerada como lugar de relações, de contato do indivíduo com sua identidade e historicidade.

Nesse sentido, os elementos disciplinares são convergentes e configuram-se em uma estrutura composta de saberes múltiplos que garantem o aprofundamento do caráter inter e transdisciplinar do próprio campo. Retomam, por vários pontos de vista, levando em conta o contexto brasileiro, questões como: Por que ensinar dança? O que ensinar? Quem pode ensinar? Como ensinar dança?

Todas as atividades previstas para a obtenção do grau de Licenciado em Dança estão organizadas em três Núcleos: 1. Formação Específica; 2. Formação Complementar; 3. Formação Livre.